Desgaste no Trabalho
Questões para prevenção de riscos profissionais
O desgaste vivenciado pelos trabalhadores no cotidiano das empresas e órgãos públicos ao longo dos anos de trabalho tem sido cada vez mais fonte de preocupação, de iniciativas de empregadores e trabalhadores e de formulação de políticas públicas focadas na gestão dos riscos profissionais. O desgaste profissional consiste em um processo de alteração da saúde dos trabalhadores impactando sobretudo na aceleração do envelhecimento.
As consequências do desgaste profissional são múltiplas e desenham um cenário em que todos perdem: para os trabalhadores, o desgaste está na origem do sofrimento, do esgotamento, das doenças e dos acidentes de trabalho podendo tais problemas evoluírem para a incapacitação total ou parcial para o trabalho; para as empresas e órgãos públicos, ele pode estar na origem do absenteísmo, dos erros e retrabalho, repercutindo no alcance de metas e objetivos organizacionais, e para a sociedade, os efeitos danosos do desgaste repercutem no aumento de custos com saúde, a assistência e a Previdência Social.
O Brasil parece estar muito atrasado em tratar da questão do desgaste profissional. A concepção de política de programa de ação direcionados para a gestão e prevenção do desgaste profissional nas empresas devem se orientar pela busca de respostas para algumas questões fundamentais:
- Há serviços, atividades e ocupações mais desgastantes? Nestes casos, como eliminar ou reduzir os desgastes existentes?
- Há grupos de trabalhadores expostos a maior risco de desgaste?
- Que medidas específicas podem ser implementadas para estes trabalhadores?
- Em que níveis da estrutura organizacional é necessário agir?
- Como compartilhar e disseminar o que se sabe sobre o desgaste profissional na empresa?
- Como prevenir os efeitos do desgaste em cenários de mudanças organizacionais e reconversões tecnológicas?
- Como avaliar as ações implementadas e planejar iniciativas futuras?
A gestão preventiva do desgaste tem sido feita com base na aplicação de alguns pressupostos:
- Articular as questões de saúde e segurança com o percurso profissional dos trabalhadores;
- Agir coletivamente nas causas primeiras das fontes dos desgastes;
- Implementar ações participativas e inovadoras e
- Atuar em todos os níveis da empresa e órgão público, envolvendo todos os atores implicados.
É a concretização de tais pressupostos que pode efetivamente contribuir para que a Qualidade de Vida no Trabalho não seja apenas discurso e se restrinja ao território dos desejos.
Fonte: Revista Proteção - JUNHO/2018